Não me lembro se era uma segunda ou terça, mas Priscila perguntou se eu estava interessado em levar um grupo com ela. Bom, eu já tinha terminado o curso, protocolo em mãos e muita vontade. As palavras “com ela” ressoaram em minha cabeça e falei: “okay!” Pensando: ela estará lá, então sem problemas. “Aceito! “
O desafio era levar um grupo para a Fiocruz, Fundação Oswaldo Cruz, então mãos a obra. Se jogar no google e estudar estudar estudar... não podia fazer feio. Estuda mais um pouco, lê isso e aquilo... Caio nas lembranças. Todas as vacinas que tomei foram naquele espaço, em frente aquele castelo. Seria legal começar por um lugar que eu realmente conhecia. Estava pronto, definitivamente.
Tudo pronto, saio de casa e vou ao ponto marcado. Indo em direção a agencia pra pegar o serviço descubro que serão dois ônibus. Priscila não estará comigo de fato. Insegurança volta a atacar. Dor de barriga, sede, vontade de sair correndo. Mas já era tarde, estava na agencia que propôs o serviço.
Eu repassando mentalmente tudo que estudara na noite anterior e tentando transformar minhas falas em um vocabulário mais simples. Mas já era hora de partir. “Aqui está, leve as jujubas e entregue aos passageiros no final da viagem.” Foi a ordem. Peguei as jujubas como se entrega-las fosse o objetivo-mor da missão. Entrei no ônibus, cumprimentei motorista, testei microfone, verifiquei banheiro, etc. Tudo perfeito.
Hora de ir buscar os passageiros. Tensão. Alguns minutos depois estavam todos a bordo. Hora de se apresentar e começar a falar do destino.
Primeiro vencer o nervosismo: eram 36 passageiros ao todo, nunca tivera um “público” tão grande antes. Respirei fundo, liguei o microfone e falei: “Boa tarde!” Sem resposta. Tentei novamente, insisti, nada. O microfone resolveu pifar exatamente na hora do show. Oh, não contei. Meus passageiros eram anjinhos entre 8 e 10 anos e, pra me ajudar, 4 professoras. Agora eu estava tranquilo. Mas sem microfone. Passei algumas informações básicas pra quem conseguia me ouvir e assim foi. Enfim, chegamos na fundação.
Nós fomos visitar o museu da vida. Especificamente o “Parque da ciência” e a “Biodescoberta”. Saiu tudo muito bem, mais tranquilo que eu imaginava. Exceto por um menininho que estava andando meio estranho. Ei,como é seu nome? - Perguntei. -João Pedro, respondeu. Perguntei se estava tudo bem e o menino ficou vermelho: está sim, tudo bem. Eu tive um insight estilo Dr House: “quer ir no banheiro?” O menino não se controlou: “SIIIIIMMMMMM!!!” Sabia! agora, onde é o banheiro mesmo? Perguntei, informaram. Fui encaminhar o menino a salvação. “TIO, ANDA MAIS RÁPIDO, NÃO VOU AGUENTAR!” Eu não sabia se ficava com pena, se ria ou o que, o fato é que saímos correndo. “Tio que que eu faço, ta saindo!” “Vai atrás da árvore!” E assim foi. Por que eu contei isso? Simplesmente porque não dá pra esquecer a cara de satisfação e alegria daquela criança. Ali eu pensei: é isso que eu quero fazer! Mesmo que não dê tempo levar ao banheiro, ou ao barco ou a qualquer lugar, quero achar um jeito de fazer as pessoas se sentirem bem mesmo nas adversidades.
Voltamos ao ônibus onde as crianças puderam lanchar enquanto voltavam pra escola pra encontrar seus pais. No caminho, lanche, criança, fandangos, criança implicante...guerra de biscoito. Nem eu ou as tias conseguiram sair ilesos, muito menos controlar. O jeito foi entrar na brincadeira. Sim, eu estava em casa. Era isso que eu queria: ver meus passageiros felizes, mesmo q isso me custasse limpar a bagunça depois. Assim foi meu primeiro dia como guia de turismo.
E as jujubas? Eu estava tão eufórico, que esqueci delas. Mas acredito que não se importaram muito, afinal, todos saíram felizes.
Bom, é isso. Essa é a parte um do segmento “Rios de História”, agencia que pertence a duplinha dinâmica Priscila e Raul. Quero aproveitar e agradecer pela oportunidade, brigadão Pri. Sem esses empurrões acho que não teria funcionado.
Não perca o próximo episódio: “Joselitos”. Também na saga da Rios. Obrigado a todos. Boas leituras.
Hahhahahaha
ResponderExcluirótimo!
O primeiro dia de como Guia a Gente nunca esquece!
Eu ri com o texto todo.
Fiquei imaginando voce nervoso(Já vi isso antes).
Beijo Tauan.